Mais da metade dos CIOs ouvidos pela empresa pretende implantar programas de Byod nos próximos dois anos.
Programas de Byod estão longe de ser realidade para a maioria das grandes empresas brasileiras, revela pesquisa feita pela Navita entre fevereiro e junho de 2013. Dos 204 líderes de TI ouvidos pela empresa, apenas 9% afirmam já terem programas implantados e funcionando em suas organizações. E 32% sequer planejam a implantação. Dos 59% que pretendem adotar a prática, 15% planejam fazê-lo ainda em 2013 e 77% nos próximos dois anos.
“Significa que, como na maioria dos movimentos tecnológicos, estamos um ano atrás dos Estados Unidos”, afirma Roberto Dariva, CEO da Navita. Segundo ele embora a amostragem de entrevistados seja pequena, ela é representativa, por ter concentrado as entrevistas em grandes empresas, não clientes da empresa, para entender de forma adequada o momento do mercado brasileiro.
De acordo com o estudo, entre as empresas que já implantaram programas de Byod (9%), na maioria (95%) houve a preocupação com a implantação de políticas de TI e segurança (gráfico abaixo); 89% buscaram implementar políticas de suporte ao usuário; 84% homologaram os dispositivos que permite acesso ao ambiente corporativo; 79% descreveram as políticas jurídicas nos dispositivos pessoais usados para acesso ao ambiente corporativo.
Conceito pouco compreendido
Na opinião de Dariva, um dos resultados mais significativos da pesquisa é falta de entendimento da maioria dos CIOs sobre o processo de implantação de um programa de Byod. “Na verdade, é curioso como mesmo o entendimento do que venha a ser um programa de Byod é diferente entre os profissionais”, afirma o executivo.
Algumas empresas alegam ter um programa de Byod implantado, mas sem serviço de suporte aos usuários. Outras dizem que não homologam os dispositivos permitidos e deixam que o acesso seja feito a partir de qualquer dispositivo e ainda existem aqueles que pensam que permitir o acesso a webmail desde um dispositivo móvel é Byod.
“No nosso entender não existe um programa de Byod sem ferramentas de MDM”, completa Dariva.
Abrir o acessos ao ambiente corporativo para dispositivos pessoais sem ofertar serviço de suporte, definir elegibilidade ou homologar os dispositivos permitidos ao acesso, são características comuns aos programas de Byod com implementação deficiente, afirma o estudo, que cobre 13 perguntas relacionadas ao tema, dividida em dois grandes grupos: como as empresas gerenciam as informações corporativas nos dispositivos móveis e como gerenciam o uso dos dispositivos.
Gerenciamento
A maioria das empresas está preocupada em controlar o acesso aos seus sistemas corporativos a partir de dispositivos móveis pessoais e muitas delas entendem os benefícios e riscos que um programa de Byod pode trazer. Mas poucos já fazem uso de uma ferramenta ou solução de MDM: apenas 23% das empresas pesquisadas possuem alguma ferramenta de MDM implantada. Metade das empresas que já adotam alguma ferramenta, o fizeram a menos de 1 ano.
Suporte
Uma ferramenta de MDM pode até não estar implantada nas empresas, mas se há um parque de dispositivos móveis corporativos, existe um suporte sendo prestado a estes usuários. E o suporte aos usuários é uma das áreas mais sensíveis para a avaliação da maturidade dos programas de mobilidade e Telecom das empresas, uma vez que expõem a todos os colaboradores, eventuais falhas quanto a processos que não foram planejados.
O estudo mapeou como os entrevistados enxergam a qualidade do serviço de suporte à mobilidade atualmente prestado em suas organizações. Mais da metade entende que o serviço de suporte ainda não está bom e precisa ser melhorado (51%), principalmente porque ainda não possuem níveis de serviço estabelecidos (SLA ou Service Level Agreement); 34% consideram que o serviço de suporte atual é razoável, mas precisa ser melhorado em termos de conhecimento da equipe e de SLA. Apenas 14% consideram que é prestado um bom serviço de suporte à mobilidade em sua empresa.
Relacionamento com as operadoras
A intenção da Navita foi entender melhor também como as empresas enxergam os principais desafios relacionados a mobilidade e Telecom e como estão se preparando para gerenciá-los. Além disso, a empresa procurou saber como anda o relacionamento das empresas com as operadoras de telefonia e os fornecedores de tecnologia e serviços, area onde atua fortemente.
Uma boa relação com as operadoras pode ajudar na construção de bons níveis de serviço aos usuários (SLAs), resolvendo problemas de Telecom mais rapidamente. Esse, sem dúvida, é um dos grandes desafios para a gestão da mobilidade corporativa e também para os custos de telecom.
De acordo com o estudo, 38% dos entrevistados afirmam ter dificuldades no relacionamento e no atendimento técnico com as operadoras; 56% alegam se relacionar bem, mas não conseguem resolver os problemas técnicos e apenas 6% destacam ter um bom relacionamento e resolver problemas técnicos com eficiência.
Segurança
A segurança é ainda o maior desafio para a gestão da mobilidade. Problemas relacionados a esta questão têm acontecido nas empresas. Os entrevistados foram questionados a respeito das situações relacionadas à segurança das informações corporativas que, porventura, recordavam-se ter ocorrido em suas empresas.
Os resultados são surpreendentes: 71% das empresas entrevistadas já tiveram pelo menos um caso de perda ou roubo do equipamento; enquanto 44% tiveram problemas com dados não criptografados; outros 44% tiveram problemas com senhas; 19% perderam os dados e não possuíam cópia de segurança (backup) ou mesmo uma política com as configurações dos usuários para serem restabelecidas rapidamente. Ainda ocorrem problemas com dados pessoais que se tornaram públicos (18%).
O desafio é gerenciar a mobilidade, evitando qualquer risco de segurança e esse desafio não é fácil. Sem gestão, as informações e conteúdos estão expostas ao risco de serem “roubadas” ou utilizadas com má fé por quem, porventura, tiver acesso. Empresas, ao sofrerem este tipo de problema, são obrigadas a amadurecer forçadamente, criando e aplicando políticas imediatas para a proteção das informações corporativas. Certamente, a gestão por demanda é a pior maneira de amadurecer a visão sobre o quão importante é a segurança das informações que estão nos dispositivos móveis.
Recomendações
No estudo, a Navita faz recomendações para CIOs dispostos a encarar os desafios de gerenciamento dos dispositivos móveis em suas organizações.
No caso da escolha de ferramentas MDM, por exemplo, o estudo ressalta que é necessário entender primeiro qual é a necessidade específica de cada empresa, seu perfil assim como o nível de segurança e controle dos dispositivos.
Algumas ferramentas, por exemplo, fornecem “containers” seguros, capazes de separar, dentro do mesmo dispositivo, as informações pessoais das corporativas. Nestes containers, todo conteúdo corporativo é armazenado e criptografado com níveis de segurança que impedem aos usuários realizar ações como copiar e colar (copy and paste) informações do container empresarial para o pessoal. Ferramentas que possuem esta funcionalidade, também impedem que o usuário abra ou imprima documentos fora deste container seguro.
Quanto mais funcionalidades ou segurança oferecer uma ferramenta, maior será o impacto no preço do produto. Por isso, a Navita recomenda que todas as necessidades específicas sejam mapeadas, compreendidas e avaliadas antes da implantação de uma ferramenta de MDM.
Já quanto a custos e serviços desnecessários, o primeiro passo para evitá-los, na opinião da Navita, é conhecer a real necessidade de cada empresa e depois encontrar a solução mais próxima possível. Como a gestão da mobilidade é relativamente nova para as empresas, costuma-se comparar o investimento para profissionalizar o serviço com zero, porque não havia nada implementado anteriormente ou, em alguns casos, com parte do custo já existente para administrar algum outro serviço como o de correio eletrônico.
Investir na formação e especialização da equipe, definir bons processos, desenvolver experiência na gestão destes serviços e trabalhar para que se entenda como funcionam as operadoras: estes são os desafios a serem superados nas empresas que buscam uma gestão profissional da mobilidade corporativa. Manter uma boa relação com os fabricantes de smartphones e tablets também ajudará a superar os desafios, obtendo informações sobre lançamentos ou mesmo suporte quando necessário.
Segundo o estudo, a maioria das empresas (59%) considera a gestão do comodato e a logística de aparelhos um dos grandes desafios. Gerenciar contratos e faturas, manter o inventário atualizado, mapear e estabelecer processos aparecem na sequência com 49%, 46% e 42%, respectivamente. Com percentuais bastante próximos, percebe-se uma preocupação com todos os itens que compõem a gestão dos custos de Telecom.
Na opinião da Navita, o gerenciamento do estoque de aparelhos celulares e a logística destes assim como os reparos são atividades fundamentais para a gestão de custo de telefonia móvel. No entanto, poucas empresas conseguem fazê-lo. O que, infelizmente, acaba por gerar desperdícios de verba nas organizações.